Hoje o noivo vai tirar um tempinho para contar sobre o pedido de casamento.
Eu já havia decidido pedir a Dani em casamento fazia alguns meses. No entanto, queria fazer desse momento algo diferente, algo que ficasse para sempre na memória, que mostrasse o quanto ela é importante para mim.
Precisava escolher o momento certo. Era dezembro de 2009 e as nossas férias seriam em janeiro. Ainda não tínhamos decidido o destino.
Ela havia me dito anos atrás que a Itália era o lugar que sonhava conhecer. Lembrei disso e sugeri irmos para lá. Ela gostou da sugestão (e eu achei o momento de fazer a surpresa).
Começamos a planejar a viagem. Viajamos sempre sem contratar pacotes turísticos, afinal, sou adepto desse "move by yourself", enfiar a cara no mundo por conta própria. Procurei na TAM, no TripAdvisor, no Google, no SkyScanner, na Trenitalia, no site da EurailPass, dos Aeroportos, enviei e-mails. Busquei referências em sites de viagem para ter certeza das escolhas. Conversamos, e por fim, roteiro montado: Milão, Veneza, Florença e Roma.
E aí, entre essas quatro cidades, uma mais fantástica que a outra, me perguntei onde faria o pedido de casamento. Mesmo sendo todas muito românticas, difícil não escolher Veneza.
O próximo passo foi pensar se ofereceria anel de noivado ou aliança. Optei pelo anel de noivado para que a gente pudesse escolher juntos a aliança, depois. Próximo à véspera de Natal, procurava um anel que tivesse algo de diferente, e depois de visitar umas 5 joalherias, encontrei um anel que achei realmente especial. Parecia ter sido feito para ela. Beleza!
Como opção de hospedagem em Veneza, escolhemos o pequeno hotel Locanda Di Orsaria (
http://www.locandaorsaria.com/). A escolha não poderia ter sido melhor. Ótima localização para quem viaja de trem, a poucos metros da Estação de Santa Lucia. Apesar de não oferecer elevador (só conhecendo Veneza para constatar a idade dos prédios), os quartos categoria "superior" tem visual digno de cinema, são muito confortáveis, além de serem aquecidos. Melhor ainda: o
staff do hotel é demais. Você se sente bem acolhido desde o primeiro contato. Para ser mais específico, o pessoal da recepção do hotel me ajudou a encontrar boas floriculturas (achar flores com preços decentes é bem difícil em Veneza), me ofereceu opções de restaurantes legais para fazer o pedido (queria um lugar com visual bonito, boa comida, nada de horário para fechar, o que é muito comum na Itália, e, muito importante: pagável!). A recepção do hotel me mandou os mapas indicando como chegar nestes locais, inclusive, por e-mail, antes de chegar em Veneza. Recomendou o Met Restaurant (
http://www.hotelmetropole.com/), do Hotel Metropole, pelo seu serviço excelente e localização privilegiada, próximo à Basílica de San Marco e com vista para a Baía de Veneza, um dos lugares mais bonitos da cidade à noite.
A ocasião merecia um restaurante à altura. Mais um acerto. Pedi e o pessoal da recepção fez a reserva.
Viajaríamos na sexta, 01/01/2010. No final de semana anterior, dividi uma frase em 7 pedaços, e pedi à Floricultura Giardino, de Gramado - RS, que entregasse para a Dani uma rosa por dia, contendo cada um dos pedaços da frase. O pessoal da floricultura foi muito legal e entrou no espírito da coisa, parceria mesmo. E assim foi acontecendo. No trabalho ou em casa, a cada dia da semana ela foi recebendo uma rosa vermelha com um pedaço da frase. O quinto e o sexto pedaços da frase e as últimas duas rosas, recolhi e levei na bagagem de mão. A da sexta-feira, deixei sob a mão dela no avião, enquanto ela dormia.
2ª-feira
Minha vida...3ª-feira
só terá...4ª-feira
sentido...5ª-feira
se...6ª-feira
estiveres...Chegamos à Itália em 02/01/2010, sábado. Estávamos cansados da viagem até Milão, tomamos um trem que cruzou o Norte da Itália, atravessando campos cobertos de neve, passando por Pádua e Verona, até chegarmos em Veneza no fim da tarde e já começamos a passear. Neste trem, tirei da bagagem de mão e entreguei a última rosa, com a palavra "comigo". Então, completava "Minha vida só terá sentido se estiveres comigo...". Ela pensou que a frase tinha terminado por aí. Mas ainda faltava o último pedaço.
Sábado- comigo...
No dia 03/01/2010, domingo, amanheceu um baita dia de sol, apesar do frio. Durante o passeio, logo de manhã, enrolei um pouco a Dani e entrei em uma floricultura (Banditelli). Combinei a entrega de um buquê no hotel para o final da tarde. O pedido era o seguinte: uma rosa vermelha em meio a diversas brancas (uma só, diferente de todas, aí o sentido). Saí da floricultura dizendo para a Dani que os preços eram um absurdo e que tinha desistido de comprar a flor que queria dar a ela (ela poderia ter ficado decepcionada, mas como eu já havia feito isso de verdade outra vez em Paris, ela riu e disse que não precisava...).
Ao chegarmos do passeio no fim da tarde, lá estava ele: o dito buquê no quarto, de surpresa. Ela ficou contente ao encontrar aquele buquê gorducho, todo diferente na cama, mas não tinha idéia ainda do restante da surpresa que eu havia preparado para aquela noite...
Pegamos um vaporetto que ia para a Basílica de San Marco via Baía de Veneza. No caminho, uma surpresa pra nós dois: ao entrarmos na Lagoa de Veneza, aquela baía nos abria vista para a lua cheia, que estava grande, gigante. Estava tão baixa, que parecia estar do lado da torre da Basílica. A Dani sempre gostou de ver a lua cheia. Por isso, penso que Deus estava feliz ao nos dar um belo dia para passear e uma lua incrível para aquela noite inesquecível.
Ao chegarmos no restaurante, percebi que o pessoal do hotel havia feito muito mais que uma simples reserva: o restaurante providenciou uma mesa em um local reservado, ao lado da lareira. Sobre a mesa, orquídeas e velas... Barbaridade. Surpresa para mim. Tudo muito melhor do que o que eu esperava.
Durante a janta, a gente ficou conversando e rindo, lembrando de um monte de coisas especiais que sucederam nos nossos anos de namoro. Numa pausa da conversa, ela me olhou e sorriu com os olhos. Aí, senti que era o momento "agora ou nunca". (frio na barriga!!!!) Olhei pra ela, tirei do bolso um último bilhete que completava a frase da semana. Dizia "para sempre". "MINHA VIDA SÓ TERÁ SENTIDO SE ESTIVERES COMIGO PARA SEMPRE." era a frase que estava sendo montada dia após dia. Peguei a caixinha, abri e coloquei sobre a mesa. Ela olhou para o anel, olhou para mim... com aquela cara de surpresa... (cara de "o que está acontecendo aqui?)... então, pedi se ela aceitaria ser minha esposa.
Ela encheu os olhos e me deu o sorriso mais lindo que eu já ganhei em toda a minha vida. Ela sorriu e disse que sim. Sabe aquele momento especial? O momento daquele sorriso é uma das visões que eu quero guardar pra sempre.
Aí continuamos rindo, chorando, jantando e conversando, tudo ao mesmo tempo. Quando saímos do Met Restaurant, a maitre, uma moça oriental gente finíssima, organizou as orquídeas que estavam sobre a nossa mesa em um buquê e ofereceu como presente para a Dani.
Penso que algumas coisas precisam ser planejadas. Mas quando chega a hora, o melhor é curtir o momento, deixar rolar o que vem do coração. A gente fez isso, e esperamos fazer de novo no nosso casamento. Naquele dia, a gente saiu do restaurante com sorrisos "de orelha a orelha".
E a noite não acabou por aí: bem do lado da Ponte dos Suspiros, tinha um jovem casal de espanhóis tirando fotos enquanto a gente passava. Pedimos a eles para que tirassem uma foto nossa, contamos que tínhamos recém noivado... conversamos e rimos um pouco e fomos embora, beleza, foto tirada, seguimos o caminho... alguns segundos depois, a menina grita para nós voltarmos para tirar uma foto deles: ele (o cara espanhol) tinha saído com o mesmo propósito, de fazer o pedido de casamento, estava com o anel no bolso, mas não tinha achado o momento certo. Ao saírmos, ele tomou coragem e pediu. Tiramos fotos, os quatro juntos, trocamos endereços de e-mail, rimos muito, nos despedimos e seguimos nosso caminho, de volta para o hotel.
Eram quase 2h da manhã. Veneza completamente vazia, silenciosa. Atravessamos a cidade. Voltamos caminhando, abraçados, rindo, no meio de todos aqueles canais, pontes e passarelas, estava bem fácil esquecer do frio. Cruzamos a Piazza di San Marco, iluminada, ali o chão molhado da "acqua alta" refletia as luzes de Natal que ainda estavam acesas ao redor da praça.
Chegamos ao hotel. Ali estava, na mesa do quarto, ao lado do buquê, um prosecco, uma delicadeza a mais do staff da Locanda di Orsaria com a gente. Eles foram muito legais.
No dia seguinte, seguimos a Florença. Lembrei da dica de um parente, que disse que comprar ouro em Florença é um ótimo negócio. Compramos nossas alianças lá mesmo, na Ponte Vecchio. Boa dica para os viajantes românticos. Tirem a diferença da passagem comprando alianças em Florença.
Nunca tinha descrito como aconteceu o pedido de casamento. No fim, apesar de escrever tanto, achei legal ter feito isso. Assim, cada detalhe desse dia tão feliz ficou registrado.